Empresário abre as portas para o recomeço
Edson Ricci
- André Teixeira
O empresário mogiano Edson Ricci, de 65 anos é proprietário de um luxuoso restaurante em Mogi das Cruzes. Extremamente politizado e de bom papo, recebeu gentilmente a Equipe Meta em seu estabelecimento para falar sobre sua visão e sobre sua contribuição com a Associação São Lourenço ao abrir as portas de seu negócio para dar emprego a jovens que estão em fase final de reabilitação - no caso dos ex viciados - e de jovens recém chegados à idade adulta após terem ingressado na instituição depois de enviados por Conselhos Tutelares, Juizado de Menores ou até por parentes e amigos. Em suma, para ele, os princípios da religião, seja ela católica ou outras de conceitos cristãos, contribuem para o fortalecimento positivo da sociedade. “Meu papel como empresário nesta sociedade e dar apoio. Não de fazer parte da instituição, mas de evitar que esses jovens voltem a ter a vida de antes pela falta de oportunidades”, diz Ricci.
Veja alguns trechos da entrevista abaixo.
Meta – Sr. Edson, tem alguma ligação com a Associação São Lourenço?
Edson Ricci – Direta não. Conheci a Associação por meio de um amigo meu que é italiano. Eu admiro muito o trabalho deles e ajudo no que posso. Particularmente acho a maneira de viver deles muito interessante e seus métodos são parecidos com o que em toda Itália acontece naturalmente.
Meta – Se refere à educação, a religião ou a ambos?
Edson Ricci – A tudo. Estive lá faz pouco tempo com esse meu amigo. Para ele a Itália é o centro do mundo. Até exagera, mas eu vivo dizendo a ele que o Brasil é relativamente novo comparado aos países europeus. Temos cerca de 120 anos de República. Passamos por algumas ditaduras e agora me parece que estamos novamente andando no caminho mais democrático. Então somos novos. Mas estamos mesmo assim atrasados. Na Itália o governos governa para todos. Há mais distribuição de renda. Em todo pequeno quintal que seja, vi pequenas plantações de coisas que se utiliza no dia-dia. Ou seja, eles vivem lá, mesmo como toda tecnologia de hoje, do jeito que vivíamos nos anos 1960, 1970 sabe. Seus pais, eu, meus pais tínhamos galinha no quintal, um hortinha. Isso nem é permitido mais hoje. Andei por toda Itália de trem, que lá funciona e é barato. Nas estradas pouco se vê de aviso sobre radares eletrônicos, mas eles existem e todos obedecem aos limites. Pois lá, como eu disse, o governo governa mesmo.
Meta – Quanto à religião, acha que lá os princípios do catolicismo contribuem para esse modelo de sociedade?Edson Ricci – Fundamentalmente. Penso que por isso que dá certo lá e é isso que também falta aqui no Brasil. Veja bem, sou empresário e tenho reparado que se eu quiser que meu negócio dê certo eu tenho muitas vezes de reeducar o jovem que vem trabalhar aqui. Você entra numa loja de sapatos, vê aquela moça linda, que é a atendente que nem bom dia dá. Poxa vida, aquilo é o ganha pão dela, mas ela não tem educação. Ela tem culpa? Não. Acho que a culpa está na família que não deu educação, na escola que é ruim, nos princípios que estão falidos.Meta – E esse modelo de sociedade é notoriamente seguido na Associação São Lourenço.
Edson Ricci – Exatamente. Por isso que dá certo e que você vê frutos, como o Alexandre Martins que é aprendiz de pizzaiolo. Veio de lá. Logo será um pizzaiolo profissional. Se assim não fosse, não haveria frutos como ele. Não pela pessoa do Alexandre, mas pelas circunstâncias de sua vida e pela situação que ele passou. Vivia praticamente sozinho, era viciado e hoje está bem aqui com a gente. Não somente ele, mas cerca de sete pessoas que já vieram de lá e que tem alcançado sucesso.
Meta – E qual o papel dos empresários nessa sociedade?
Edson Ricci – Meu papel como empresário nesta sociedade é dar apoio. Não de fazer parte da instituição, mas de evitar que esses jovens voltem a ter a vida de antes pela falta de oportunidades. Então, faço minha parte e dou oportunidade. Estou feliz pelo Alexandre e sei que continuará vencendo na vida.