Em Comunità
Associação São Lourenço
“Receber e servir a humanidade ferida, pobre, abandonada, sozinha, usando como instrumento a vida cristã, vivida de modo simples e familiar, com a redescoberta da força da oração, do trabalho vivido como um dom, da amizade verdadeira, do sacrifício, e da alegria de doar-se”, eis a missão da Comunità Cenacolo, afirma Maurizio Alesso, vice-presidente da “filial” da Comunità – a Associação São Lourenço – localizada no bairro de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes. A Associação é uma das três casas da Missão no Brasil e uma das 70 espalhadas por 30 países de todos os continentes.
Instalada há doze anos na região do Alto Tietê, a Associação São Lourenço reúne atualmente cerca de 100 pessoas (80 crianças e jovens, e 20 missionários). A Comunità Cenacolo, no entanto, existe há 28 anos (desde julho de 1983) Fundada pela madre Elvira Petrozzi na colina de Saluzzo – uma cidadezinha na província de Cuneo, em Piemonte, no norte da Itália – a Comunità começou “(...) como resposta da ternura de Deus Pai ao grito de desespero de muitos jovens cansados, desiludidos, desesperados, tóxico dependente, em busca da alegria e do sentido da vida” . Maurizio e Santo Agostinho Maurizio Alesso foi um exemplo de “jovem cansado, desiludido, desesperado, tóxico dependente, em busca de alegria e do sentido da vida”. Encontrou a Comunità Cenacolo quando tinha 25 anos e estava – como ele mesmo diz –“perdido, perdido”, tendo tocado o “fundo do poço”. Seus pais deram-lhe tudo. Incentivavam-no a estudar, a fazer esporte; tinha ótimos amigos, mas faltava-lhe a paz, a alegria no coração. “Cada dia buscava mais liberdade, mais alegria, e cada dia me encontrava mais triste. Interessante, né. O jovem acha que alegria seja – desculpe a palavra – transar todos os dias com uma mulher diferente, e cada dia se torna pior, cada dia você se torna mais triste, decepcionado, mais em busca”. E apontando onde encontrou a paz, Maurizio cita o bispo de Hippona: “Deus fez meu coração por ele. E meu coração não encontra paz enquanto eu não me encontrar com Ele. Santo Agostinho, até os trinta e poucos anos, aprontou para caramba, e ele conta sua busca louca e sua vida em suas Confissões.Gosto desse Santo pela sinceridade dele, e também porque minha vida foi como a dele. Ainda não sou santo (risos), mas minha vida foi muito parecida com a dele. Sobretudo a primeira parte”. Maurizio aceitou a proposta da Comunità por estar desesperado e por ter gostado muito do que escutou ao encontrar-se com madre Elvira. Esta lhe disse: “Eu tenho o que você está procurando”. Ao que ele respondeu: “Acho muito difícil uma freira ter o que estou procurando. Eu não acredito em Deus”. “Não se preocupe”, respondeu a fundadora da Cenacolo, e asseverou: “Deus acredita em você. O caminho para a paz que você procura é este”. Esse episódio ocorreu há 22 anos, e Maurizio, agora com 47, agradece o que a Comunità lhe fez “não com palavras, mas com a minha própria vida”. Maurizio, Paola e a Associação São Lourenço Passados alguns anos desde a sua chegada à comunidade, e decidido a fazer da sua vida uma vida uma missionária, Maurizio contou a Madre Elvira sua vontade de vir trabalhar no Brasil. Mas por que o Brasil? “Na Itália nós víamos reportagens que mostravam as crianças abandonadas daqui e isso me comovia muito porque lá não temos esse problema”. Naquela época, Maurizio já estava casado com Paola, e madre Elvira pediu que eles esperassem e tivessem paciência, pois ela tinha interesse em fundar uma de suas casas no Brasil. E eles esperaram. E vieram. Quando vieram, foram para uma instituição localizada em Itapecerica da Serra, no sul do Estado de São Paulo. Lá, eles começaram a aprender a língua, os costumes, e a ter contato com as crianças. Nesse período Paola engravidou. Paola perdeu o filho. Era o terceiro que o casal perdia nos primeiros meses de gestação. O episódio abateu muito o casal. Afinal, tão dedicados às crianças, não conseguiam ter seus próprios filhos. E começaram questionar: devemos ficar ou voltar para Itália? Começaram, então, a fazer novenas no intuito de receber uma inspiração divina. Acordavam bem cedo para rezar. Rezaram, pediram orientação, guiamento, até que decidiram pelo “sim”. “Nós entendemos que já que não tínhamos filhos, aquelas crianças abandonadas eram nossos filhos, já que elas também não tinham pais. E decidimos ficar. E foi depois que tomamos essa firme decisão que Paola engravidou, e nasceu o Francesco, e depois nossos outros cinco filhos. Todos meninos”. Decididos a ficar, Maurizio e Paola ajudaram a fundar a Associação São Lourenço, que fica em um sítio no bairro de Taiaçupeba, na cidade de Mogi das Cruzes. Páginas 1 2 3 4 Voltar para a HOME |
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