Alexandre Martins: Uma vida restauradaAlexandre Martins
Era uma tarde ensolarada de domingo e as crianças da Associação São Lourenço voltavam da missa do meio dia onde participavam de uma novena. O movimento do dia era normal. Missionários, crianças e adolescentes conversavam sobre o que aprenderam naquele dia quanto avistaram na estradinha bem ornamentada que leva desde o portão - sempre aberto, diga-se de passagem - ao escritório central uma pessoa desconhecida, mas com passos que denunciavam ser um jovem necessitando de ajuda. E precisava muito. Alexandre Martins, hoje com 33 anos, foi um jovem que logo cedo se envolveu com as drogas. Naquela tarde, havia pedido ajuda a parentes. Traficantes estavam ao seu encalço. Viciado, não tinha mais para onde correr. Não havia para ele mais dignidade. Seu pai, sem condições de ajudar seus filhos, indicou para Alexandre a chamada “comunidade dos italianos” em Taiaçupeba. “Vai lá filho, que eu não posso ajudar você. E lá foi procurar ajuda. Para Alexandre, caso não o aceitassem ali, só haveria uma única saída; o suicídio. Maurizio Alesso, diretor da entidade em Mogi conta que ao receber Alexandre, via o desespero em seu rosto e a tristeza no seu olhar. “Não poderíamos receber Alexandre para ficar, pois há burocracias legais que nos impedem de receber pessoas assim, sem uma solicitação judicial”, diz Maurizio. Mas a “ameaça” de Alexandre em tirar sua vida, não permitiu que Maurizio o deixasse partir. O curioso é que o irmão de Alexandre, Rodney Martins, havia pedido um milagre para Deus naquele mesmo dia na novena que participavam; o envio de seu irmão Alexandre, que não via há quase 3 anos. Alexandre tinha 22 anos quando foi à Comunità pedir ajuda. Ao saber dessa história da novena e do pedido de seu irmão, passou a acreditar em Deus. “Não sabia que meu irmão estava lá e meu pai não me contou. Ele pediu para Deus minha ida para lá e no mesmo dia, de tarde, eu cheguei”, diz Alexandre. Ao chegar na Associação, o Maurizio lhe mostrou um grupo de jovens, como ele, jogando bola e lhe disse: “Veja essas pessoas, são todas ex viciadas também”. Alexandre conta que aquilo lhe comoveu e ressalta “Não ter acreditado que era possível, pois eu não sabia o que era felicidade”. Alexandre conheceu ex dependentes químicos naquela mesma noite no jantar. Seus olhos se encheram de emoção e seu coração de esperança ao ver pessoas que outrora estavam entregues ao vicio, mas agora alegres e contentes, se divertindo. Conta ter pensado ser impossível terem um dia experimentado algum tipo de droga. “Quero isso para mim. Quero ter essa felicidade”. Abraçou seu irmão Rodney, que lhe garantiu: “Alexandre, é possível. fique aqui conosco. No inicio é difícil, mas se eu consegui, se eles conseguiram, você também vai.” Passaram-se muitos anos. Alexandre se reabilitou. Foi para Itália, voltou ao Brasil, se tornou um colaborador na Associação onde um dia foi recebido, aprendeu algumas profissões, se tornou religioso e hoje, está para se casar com Estela, sua noiva. Mas ressalta que na Comunità está sua familia. Trabalha como aprendiz de pizzaiolo em um restaurante em Mogi das Cruzes. “Pago minhas contas, sinto orgulho de ser quem sou e a certeza de que minha vida foi totalmente restaurada. Agradeço a Associação São Lourenço, que é a minha vida e principalmente ao Maurizio, diretor da casa. Tudo o que sou e tenho, devo a eles”. |
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